Sobre deixar Paris

POSTPARIS
Aos meus leitores, devo informar que ultimamente tem sido difícil buscar inspirações. Falar de coisas legais nem sempre é fácil quando vivemos um período de readaptação. Mas lendo um texto da minha ex-flatmate, Anna, pude resgatar algo que não tinha há muito tempo: escrever sobre o que aconteceu comigo nos últimos meses.

Há três meses se concluía uma fase na minha vida em que fui muito feliz, há três meses disse “à bientôt” para as margens do rio Sena, para o vinho quente de domingo com meu namorado, e para as noites de risada com a minha flatmate recheadas de Haribo e Milka. Doeu. E a cada quilômetro percorrido por aquele avião com destino a São Paulo, apertava o meu coração. Folheava o albúm  que ganhei de presente de meus amigos e chorava. O moço do meu lado perguntava pelo motivo das minhas lágrimas. Entre um soluço e outro, respondi “Morei em Paris por seis meses e agora tenho que voltar”. E então dormi até chegar ao meu destino.

Já vivi fora aos 15 anos, uma experiência muito interessante que me rendeu uma amizade para a vida: a Luísa, minha flatmate alemã. A vida nos EUA era muito boa, mas, devo dizer… nada se compara ao gostinho da vida à la française. Foi na França que ganhei uma irmã – Anna, um amigo para a vida – Joel, uma amiga sorridente e verdadeira – Olivia e um amor.

Em Paris, apesar do frio, meu coração estava aquecido e a minha mente em paz. Você já teve aqueles breves segundos em que pensa “Nossa, o que vivo agora é um momento feliz. Sou feliz”?  Eu também já tive… no metrô, vendo o mapa das linhas, ouvindo os artistas de rua, pegando o ônibus de madrugada com os meus amigos, tomando Boisson de Riz com meu namorado, tirando mil fotos com a Anna na Ile de la Cité e subindo todos os dias as escadarias infinitas do Institut d’études Politiques de Paris.

Sempre achei que falar sobre o meu intercâmbio daria a impressão de que estaria me gabando, mas hoje concluí que não é isso. Gosto de compartilhar, porque quero que as pessoas sintam na pele o que eu senti. Quero que elas, ao escutarem as minhas histórias, se motivem a realizar seus sonhos e abandonar alguns de seus medos.

Hoje, em São Paulo, me readapto entre os prédios altos, corredores de ônibus, os carros e a rotina do dia-a-dia. Entretanto, ainda não me sinto em casa. Mas acredito que este seja o meu destino: sair por aí e descobrir o que o mundo tem a me oferecer. O sentimento de estar em casa, a gente tem com as pessoas que encontramos no meio do caminho.

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  1. Talvez a São Paulo de hoje, por mais não-atraente que pareça, seja apenas uma ponte, para outra São Paulo, outra Paris, outro futuro. Wait to see. Nenhuma folha de árvore cai sem que tenha que cair. Apenas absorva o melhor de agora, para no seu melhor, não precisar se preocupar com lições passadas… Te amo.

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